Eu devia ter feito mais por nós

Você não se importou em aceitar meus beijos e caricias. Não reclamou de dormir e acordar ao meu lado por dias afins. Não relutou em segurar minha mão e caminhar comigo pela cidade. Não teve vergonha alguma em dizer aos seus amigos que eu era a sua garota. E não se preocupou nem um pouco em dizer que me amava. Você gostava de tudo isso. Gostava de estar ao meu lado. Gostava de mim e de tudo que provinha em relação a nós. Estava estampado na sua cara. Você chegou até o ponto de jurar fazer aquilo durar para sempre. Mesmo depois de eu ter resmungado que o pra sempre não existia, você sorriu pra mim tão alegremente respondendo-me que a gente inventava. E naquele dia chuvoso e frio quando estávamos abraçados em baixo do edredom, você me disse que sempre em dias frios estaria ao meu lado para me esquentar. Você fez juras e promessas que eu cheguei até a desconfiar da veracidade de muitas, mas você me fez crer em todas depois de ter dito que tínhamos todo o tempo do mundo para que todas fossem cumpridas, afinal iríamos ser marido e mulher. Prometeu-me que jamais se casaria com outra além de mim, e fez planos até para os nossos filhos. Você fez até biquinho quando eu não quis deixar você escolher o nome da nossa filha, que ainda nem tinha nascido. Você era tudo que eu tinha. Tudo o que eu sempre quisera pra mim. Me fez acreditar que tinha encontrado a minha outra metade, e que agora não precisava de mais nada. Tínhamos um ao outro e era tudo que importava. Eu senti isso desde a primeira vez que sua mão se fechou sobre a minha. Você me fazia sentir tão importante. Você me fazia sentir de um jeito que nenhum outro havia conseguido. Eu fiquei depende disso. Dependente de você. Realmente as coisas pareciam cenas de filmes aleatórios. Isso me deu medo. Nós. Isso existia. E era tão sublime, tão belo. Parecia tão inacabável. Devia ter notado que era bom demais pra ser verdade. Você deixou as promessas de lado, esqueceu do nosso casamento e nem quis saber mais de nome nenhum para nossos futuros filhos. Jogou tudo pro alto e se afastou. Deixando-me desnorteada e com inúmeras perguntas vagueando pela minha mente. Onde é que havia ido parar tudo aquilo que tanto chamávamos de nosso? Eu queria muito saber. Eu confesso que errei também. Não fui atrás de saber se o erro tinha sido eu, se tudo aquilo tinha sido minha culpa. Apenas fiquei e deixei você ir se afastando cada vez mais e mais. Permaneci estável, observando o tempo passar e cuidando de ti de longe. Tentando digerir a idéia de que tudo tinha se acabado e que tínhamos sido mais uma comprovação de que o para sempre se acaba. Até nos contatos da agenda do celular o seu numero havia ido parar no grupo de amigos. Mas até isso foi se perdendo. Estávamos perto e ao mesmo tempo longe. Cansada de não encontrar resposta alguma, num dia qualquer comecei a refletir sobre tudo. E chorei incansavelmente por ter dado conta do quanto eu tinha culpa no cartório. Enquanto você tinha deixado transparecer tão facilmente o seu amor, eu tinha bloqueado quase tudo em relação a isso. Você tinha sido o furacão e eu o leve bater de asas de uma borboleta. Meu extinto foi de te mandar milhões de mensagens de texto com desculpas, ou encher tua secretaria eletrônica demonstrando meu arrependimento. Vi meus braços se movimentando, meus lábios proferindo as palavras e as lágrimas escorrendo enquanto eu falava tudo àquilo que pretendia. Só que nada aconteceu. Eu não me mexi um centímetro sequer. Pois o amor que por ti tinha foi maior do que aquele que por mim sentia. Foi por te amar demais que não fiz nada. Você estava melhor sem mim, e eu na pior sem você. O problema agora era somente meu. Eu tinha que arcar com a dor que, por estupidez aguda, tinha causado a mim mesma. […] Hoje choveu. E eu odiei isso. Hoje fez um frio danado e você não estava aqui pra me esquentar.
  
By: Bruna Batistuti.

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