Cansei de escrever, quero te mostrar

Eu falo demais. Eu falo muito não é? Você sempre disse. Mas você sempre entendeu também. Mesmo quando eu atropelei as palavras e perdi o compasso e a linha do raciocínio, mesmo quando eu mudei as histórias para explicar uma única coisa e depois de contá-las já não lembrei mais o porque de estar as contando. Você sempre entendeu, mesmo que nunca tenha entendido de verdade. Quando eu precisei por muitas vezes que você absorvesse as coisas que eu dizia ao invés de apenas entende-las, você fez. Quando eu liguei no meio da noite e disse que precisava escutar o que tinha pra me dizer, mas as ocupações não me deixou ligar antes, você me compreendeu. Você ouviu, você prestou atenção, mas ler entre as linhas nunca foi algo de que você pudesse se gabar. E eu estou aqui mais uma vez escrevendo ao invés de ir correndo te contar. Talvez eu crie coragem e te revele tudo em uma carta, em um telefonema corajoso, ou em um encontro casual. Ou talvez eu apenas guarde tudo mais uma vez. Tenho algumas vontades absurdas apesar de ter muito medo também. E como eu queria que você entrasse por aquela porta agora mesmo, me tomasse esse computador das mãos e lesse mesmo que eu implorasse para que não tudo isso que escrevo tão pesadamente agora. Eu mudei tantas coisas… O corte de cabelo não é mais o mesmo, as roupas estão diferentes agora, e a decoração do quarto foge de tudo o que eu gosto. Mas onde foi parar você agora? Diz qualquer coisa, bate na minha porta que eu abro ela pra você. O que eu não quero mais é ter que viver longe de você!

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