Santo remédio

Ela amava sorrir. Amava sentir a ventania em seu rosto embaraçando seu cabelo já bagunçado. Ela se sentia tão ela mesma. Tão sozinha. Mas ao mesmo tempo tão com si mesma. Não era solidão, muito menos desprezo. Era o volume de magoas que habitavam naquele coração já tão debilitado. Que a deixava apenas a vontade com sua própria presença. Ela esborrava decepções, se enchia de más lembranças. Era medo de sentir aquele mesmo doloroso sofrimento. Medo de se perder nas próprias angustias, de se iludir pelas mesmas falsas palavras. O turbilhão de momentos passados que gritam em silêncio a ela mesma que não se pode mais confiar, acreditar, crer. Ela se cansou da própria monótona vida, resumida naquele migalho de simples lembranças boas. E o mar de momentos dolorosos, impossíveis de se esquecer. Isso a machucava cada vez mais. Mas ela já tinha o tal remédio. Ou talvez apenas a sabedoria de controlar. De se acomodar. Acostumar.

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